Gordura no Fígado

22 novembro, 2019


Também conhecida por doença hepática gordurosa, a esteatose hepática é uma condição cada dia mais comum, que pode manifestar-se também na infância e atinge mais as mulheres. A estimativa é que 30% da população brasileira apresentem o problema e que aproximadamente metade dos portadores possa evoluir para formas mais graves da doença.


Esteatose hepática é um distúrbio que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no interior das células do fígado, uma glândula situada do lado direito do abdômen por onde circula grande quantidade de sangue. O fígado exerce mais de 500 funções fundamentais para o organismo. O aumento de gordura constante e por tempo prolongado pode provocar uma inflamação capaz de evoluir para quadros graves de hepatite gordurosa, cirrose hepática e até câncer. Nesses casos, o fígado não só aumenta de tamanho, como adquire um aspecto amarelado.


As esteatoses hepáticas podem se classificadas em alcoólicas (provocadas pelo consumo excessivo de álcool) e não alcoólicas.

Sobrepeso, diabetes, má nutrição, perda brusca de peso, gravidez, cirurgias e sedentarismo são fatores de risco para o aparecimento da esteatose hepática gordurosa não alcoólica. Há evidências de que a síndrome metabólica (pressão alta, resistência à insulina, níveis elevados de colesterol e triglicérides) e a obesidade abdominal estão diretamente associadas ao excesso de células gordurosas no fígado.

Num número bem menor de casos, pessoas magras, abstêmias, sem alterações de colesterol e glicemia, podem desenvolver quadros de esteatose hepática gordurosa.


 

Nos quadros leves de esteatose hepática, a doença é assintomática. Os sintomas aparecem quando surgem as complicações da doença. Num primeiro momento, as queixas são dor, cansaço, fraqueza, perda de apetite e aumento do fígado.


Nos estágios mais avançados de esteato-hepatite, caracterizados por inflamação e fibrose que resultam em insuficiência hepática, os sintomas mais frequentes são ascite (acúmulo anormal de líquido dentro da cavidade abdominal), encefalopatia e confusão mental, hemorragias, queda no número de plaquetas, aranhas vasculares, icterícia.


Com frequência, nas fases iniciais, o diagnóstico da esteatose hepática gordurosa não alcoólica é feito por meio de exames de rotina laboratoriais ou de imagem. Uma vez detectada a alteração, é indispensável estabelecer o diagnóstico diferencial com outras hepatites, ou doenças autoimunes e genéticas, ou pelo uso de drogas, uma vez que a enfermidade não apresenta um quadro clínico característico.


Surgindo a suspeita, porém, o importante é levantar a história do paciente que deve passar por minucioso exame físico e submeter-se a exames de sangue para medir os níveis das enzimas hepáticas. Embora a ultrassonografia, a tomografia e a ressonância magnética sejam muito úteis para avaliar possíveis alterações no fígado, há casos em que a confirmação do diagnóstico depende de biopsia.



Há tratamentos específicos para o fígado com excesso de gordura. Ele é determinado de acordo com as causas da doença, que tem cura, e baseia-se em três pilares: estilo de vida saudável, alimentação equilibrada e prática regular de exercícios físicos. Pode ser necessário introduzir alguma medicação.


 

Doença de Crohn

22 novembro, 2019




A doença de Crohn é uma enfermidade inflamatória crônica que pode afetar todo o sistema digestivo, mas acomete especialmente o íleo terminal (parte inferior do intestino delgado) e o cólon. Esse processo inflamatório é extremamente invasivo e compromete todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa.  A causa da enfermidade é desconhecida, mas não estão descartadas as hipóteses de que seja provocada pela desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. Fatores genéticos, ambientais, dietéticos ou infecciosos também podem estar envolvidos.


A doença de Crohn se manifesta igualmente em homens e mulheres e, em grande parte dos casos, em parentes próximos. A incidência é maior entre os 20 e os 40 anos de idade e é mais alta nos fumantes. A doença de Crohn é um fator de risco para o câncer de intestino.


Os sintomas mais comuns da doença de Crohn são:

  • Dor abdominal (geralmente no quadrante inferior direito) associada à diarreia (com ou sem sinais de muco e sangue);
  • Febre;
  • Perda de peso;
  • Enfraquecimento por causa da dificuldade para absorver os nutrientes.

Podem ocorrer, ainda, sintomas provocados por complicações à distância, como dores articulares, aftas, lesões de pele do tipo pioderma gangrenoso (ferida com a aparência de um vulcão) e do tipo eritema nodoso (nódulos dolorosos e avermelhados sob a pele), além de inflamação dos olhos (uveíte), pedras nos rins e na vesícula.

As complicações mais graves, porém, são obstrução intestinal e, em 30% dos casos, a presença de fissuras e fístulas, ou seja, de perfurações no intestino que podem drenar para a região perineal, para a vagina e para a bexiga.




O exame clínico e o levantamento da história do paciente, assim como alguns exames de sangue, são instrumentos importantes para o diagnóstico da doença de Crohn. No entanto, como a enfermidade pode comprometer todo o aparelho digestivo e desenvolver sintomas semelhantes aos de outras moléstias gastrointestinais, é necessário localizar as áreas afetadas por meio de exames de imagem como endoscopia digestiva, colonoscopia, raios X do trânsito intestinal (enema opaco), tomografia e ressonância magnética, a fim de estabelecer o diagnóstico diferencial.


O tratamento é instituído de acordo com a fase e evolução da doença, que pode ser classificada em leve, moderada e grave. Basicamente, ele se volta para conter o processo inflamatório, aliviar os sintomas, prevenir as recidivas e corrigir as deficiências nutricionais. Existem drogas imunossupressoras  e imunomoduladoras que induzem e podem manter a remissão clínica controlando assim os sintomas.

Os pacientes, quando controlados, levam uma vida normal. Algumas medidas simples podem ajudar a prevenir as crises:

  • Não fume;
  • Pratique atividade física moderada;
  • Procure identificar os alimentos que lhe fazem mal e evite os que podem agravar os sintomas;
  • Controle o peso;
  • Evite, na medida do possível, situações de estresse;
  • Reduza a ingestão de alimentos gordurosos de origem animal e de alimentos ricos em fibras


 Tenho doença de Crohn, posso tomar vacina?

Se você está fazendo tratamento com  medicamentos imunossupressores, como corticoides, azatioprina, infliximabe, adalidumabe, vedolizumabe, ustekinomabe ou similar, não deve tomar vacinas com vírus ativos, como as da febre amarela, herpes-zóster, BCG (tuberculose), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e poliomielite oral. Converse com seu médico caso precise tomar alguma delas.


 

Hepatite B

22 novembro, 2019


O vírus da hepatite B tem predileção por infectar os hepatócitos, as células do fígado. Essas células podem ser agredidas pelo vírus diretamente ou pelas células do sistema de defesa que, empenhadas em combater a infecção, acabam causando um processo inflamatório crônico.




O vírus da hepatite B pode sobreviver ativo no ambiente externo por vários dias. O período de incubação dura, em média, de um a quatro meses. Uma pessoa infectada por ele pode desenvolver as seguintes formas da doença: hepatite aguda, hepatite crônica (ou ambas) e hepatite fulminante, uma forma rara da doença que pode ser fatal.  O vírus está presente no sangue, na saliva, no sêmen e nas secreções vaginais da pessoa infectada. A transmissão pode ocorrer por via perinatal, isto é, da mãe para o feto na gravidez, durante e após o parto; através de pequenos ferimentos na pele e nas mucosas; pelo uso de drogas injetáveis e por transfusões de sangue (risco que praticamente desapareceu desde que o sangue dos doadores passou a ser rotineiramente analisado).

As relações sexuais constituem outra via importante de transmissão da hepatite B, considerada uma infecção sexualmente transmissível, porque o vírus atinge concentrações altas nas secreções sexuais.


 

Sintomas de hepatite B Aguda

De modo geral, os principais sintomas da infecção aguda pelo vírus da hepatite B são semelhantes aos de outras hepatites virais:


  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Mal-estar;
  • Febre;
  • Fadiga;
  • Perda de apetite;
  • Dores abdominais;
  • Urina escura;
  • Fezes claras;
  • Icterícia (cor amarelada na pele e conjuntivas).


A hepatite aguda pode passar despercebida, porque a doença pode ser assintomática em alguns indivíduos, ou com sintomas que não chamam a atenção. Outra particularidade é que a maioria dos pacientes elimina o vírus e evolui para a cura definitiva em até 6 meses. Em menos de 5% dos casos, porém, o vírus persiste no organismo e a doença torna-se crônica.


A hepatite B crônica também pode evoluir sem apresentar sintomas que chamem a atenção durante muitos anos. Isso não indica que parte dos infectados possa desenvolver cirrose hepática e câncer de fígado no futuro.


Na maioria das vezes, porém, quando os pacientes procuram o médico, já há sinais de insuficiência hepática crônica: icterícia, aumento do baço, acúmulo de líquido na cavidade abdominal (ascite), distúrbios de atenção e de comportamento (encefalopatia hepática). A evolução dessa forma da doença depende de fatores, como a replicação do vírus, a resposta imunológica, o consumo de álcool e a eventual infecção por outros vírus.




 

Vacina da hepatite B


A vacina contra hepatite B tem quatros doses, assim distribuídas: ao nascer e depois aos 2, 4 e 6 meses de idade.

Adultos que não se vacinaram seguem um esquema de três doses. Indivíduos imunodeprimidos possuem um esquema especial, com doses reforçadas.

Devem receber a vacina contra hepatite B: recém-nascidos, crianças que não foram vacinadas ao nascer, pessoas com vida sexual ativa, aquelas que convivem com pacientes com a enfermidade ou necessitam de transfusões de sangue com frequência, as submetidas à hemodiálise. Também devem ser vacinados os usuários de drogas injetáveis, os profissionais na área de saúde, os doadores de órgãos sólidos e de medula óssea, policiais, manicures, podólogos, portadores de HIV e de imunodeficiências, vítimas de abuso sexual, a população indígena, entre outros grupos.


 


Tratamento da hepatite B


O tratamento da hepatite B aguda tem como objetivo aliviar os sintomas e afastar o risco de complicações. Nesta fase, não há consenso sobre a indicação de medicamentos antivirais. Também, ao contrário do que se preconizava no passado, o paciente não precisa permanecer em repouso, mas deve moderar a atividade física.


Nem todos os portadores de hepatite B crônica com diagnóstico recente precisam de tratamento imediato. Quando ele se faz necessário, existem remédios que inibem a replicação do vírus e atuam no controle da resposta inflamatória.


 

Cirrose Hepática

11 novembro, 2019

Cirrose é o último estágio da fibrose hepática. A fibrose ocorre na formação de uma espécie de cicatriz no fígado, que o torna endurecido e com perda de função progressivamente. Ela pode ser causada por diversas doenças ou condições, como alcoolismo, hepatites virais, hepatite auto imune, hemocromatose e a doença hepática gordurosa não-alcoólica (esteatose hepática). Muitas vezes, pessoas com cirrose hepática podem não apresentar sintomas, mas à medida que a doença avança, uma série de sintomas pode surgir, nem sempre todos juntos. Dentre os sintomas podemos enumerar: perda de apetite, perda de peso, fraqueza, icterícia (olhos amarelados), facilidade em sangrar, inchaço das pernas, aumento do volume do abdômen por ascite ("água na barriga"), coceira, palmas das mãos avermelhadas (eritema palmar), alteração dos ciclos menstruais, aumento das mamas em homens e atrofia testicular, impotência sexual, confusão mental, dificuldades em dormir, com muito sono de dia e pouco sono à noite, e até coma.


Frequentemente, a cirrose é detectada pela primeira vez por meio de um exame de sangue ou de um exame de rotina. Para ajudar a confirmar um diagnóstico, uma combinação de exames laboratoriais e de imagem geralmente é feita. Exames de sangue podem ser solicitados para verificar sinais de mau funcionamento do fígado ou alteração das enzimas hepáticas. A investigação das possíveis causas de cirrose também deverá ser realizada. Os exames ajudarão a avaliar a gravidade da cirrose hepática e determinar a necessidade do transplante hepático.


A elastometria hepática pode ser recomendada para confirmar o grau de fibrose em estágios iniciais e silenciosos da doença. Este exame de imagem não invasivo detecta o endurecimento ou enrijecimento do fígado. Outros exames de imagem, como ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassonografia, também podem ser realizados. Se você já tiver cirrose,  provavelmente serão necessários testes regulares para monitorar sinais de progressão da doença ou complicações, especialmente varizes esofágicas através da endoscopia digestiva alta. 


O tratamento da cirrose depende da causa e extensão dos danos ao fígado. Os objetivos do tratamento são retardar a progressão do tecido cicatricial no fígado e prevenir ou tratar sintomas e complicações da cirrose. Nas fases iniciais, pode ser possível minimizar os danos ao fígado tratando a causa subjacente. Medicamentos podem ser utilizados para amenizar os sintomas e efeitos da cirrose, bem como atrasar sua progressão, a depender da causa. Tratamentos específicos podem ser necessários para prevenir as complicações, como ascite e sangramento pelas varizes esofágicas.


Em casos avançados de cirrose, quando o fígado deixa de funcionar adequadamente, um transplante de fígado pode ser a única opção de tratamento. Um transplante é o procedimento para substituir o fígado doente por um fígado saudável de um doador falecido ou com parte de um fígado de um doador vivo. A cirrose é uma das razões mais comuns para o transplante de fígado. Os candidatos ao transplante de fígado têm testes extensivos para determinar se são saudáveis ​​o suficiente para ter um bom resultado após a cirurgia.